terça-feira, março 05, 2013

O meu amigo "Tigre Trovão".

Fevereiro foi um mês em que passei muito tempo afastado da blogosfera, grande parte do tempo foi dedicado a gravações e isso implica que passe bastante tempo longe de casa e por essa razão (para além de não ter tempo para parar e escrever) também não tenho tido muito tempo para escutar e descobrir musica nova. Mas hoje preciso mesmo de quebrar o silêncio e partilhar um EP muito especial.

Disponível para download no site da Juicy Records

Chama-se Parts and Bitters e é da autoria do Bráulio Amado que assina sob o pseudónimo Thunder Tiger
O Bráulio é um português em Nova Iorque. É músico, ilustrador, designer e (creio que também seja) realizador, mas posso dizer sem qualquer sombra de duvida que é uma das pessoas mais talentosas que conheço, dotado de uma voz singular.
Lembro-me de ver Adorno pela primeira vez à cerca de cinco anos atrás e ter sido um dos concertos mais inspiradores da minha adolescência, saí daquele concerto com vontade de fazer uma banda, e foi isso que aconteceu uns dias mais tarde, e creio que essa experiência teve imensa importância porque de algum modo me trouxe ao sitio onde estou hoje. Lembro-me que nessa época devido à minha timidez não fui falar com o vocalista e baixista da banda depois do concerto que deram no Montijo, só tive a oportunidade de o conhecer pessoalmente no final do ano passado, e quando o conheci percebi que ele é um daqueles amigos especiais que queremos sempre manter.
No penúltimo dia de Janeiro recebi um e-mail com o desafio de a fazer uma cover da ultima canção do disco Parts and Spares, e eu nem pensei duas vezes, respondi logo a perguntar quando é que a minha canção tinha de estar pronta. Depois de algumas trocas de e-mails e mensagens entre a Moita e Brooklyn percebi que poderia fazer uma faixa mais experimental e de baixa fidelidade com o meu microfone comprado numa loja dos chineses, à semelhança das que fiz na mixtape.
O Bráulio deu-me liberdade total para interpretar a musica dele como eu bem quisesse, até permitiu que a adaptasse para a língua portuguesa, pois para mim esta experiência veio confirmar que eu só gosto de me ouvir cantar na minha língua nativa.
Comecei por tentar criar uma versão com o único instrumento que tinha em minha casa, a guitarra acústica, intencionado em me aproximar da versão original, mas não estava satisfeito com o resultado, então comecei a fazer experiências com timbres de outras canções, algumas delas de discos que tínhamos recomendado um ao outro nas mensagens que trocámos durante as ultimas semanas. Samplei e manipulei um sub-grave do Ifan Dafydd, umas palmas de uma remistura que o James Blake fez para os Mount Kimbie, umas teclas do Toro Y Moi, uma bateria dos The Chariot, e por fim samplei a minha voz, e a da Ellie Goulding numa canção que curiosamente também se chama Home. Isto tudo apenas com o Audacity que deve ser possivelmente o programa de edição de audio mais rudimentar que conheço, mas pelo menos é leve e gratuito. Depois pedi ao meu amigo Bruno Mota que fizesse uma mistura muito rápida do que eu tinha gravado.
Quando enviei a minha versão senti que tinha criado algo especial, embora não fosse perfeito, tinha certeza que tinha sido o mais honesto possível, tal como o Bráulio sempre fez nas suas canções.

Este EP celebra o aniversário da editora DIY Juicy Records e está disponível para download. É possível escolher quanto querem pagar por estas três canções, ou seja, podem adquirir gratuitamente.

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