sexta-feira, setembro 09, 2011

A opinião de Fábio Barbosa


Estar em palco como quem, mais do que dar um concerto, se propõe ser anfitrião de uma festa de puro espírito rock'n'roll, o auge de uma entrega que se renova diariamente. Tem sido essa a regra de vida de Alex D'Alva Teixeira desde há muitos anos. Na verdade, parece respirar a arte desde que se lembra de existir. 
De facto, Alex cresceu rodeado de música. A pertença a uma igreja evangélica colocou-o em contacto precoce com esse universo. Aos oito anos aprendeu a tocar baixo, e a exemplo da mãe, que tocava guitarra, aprendeu mais esse instrumento. Sempre deu por si a trautear melodias e a inventar novas canções como se de uma segunda natureza se tratasse. O seu eclectismo permitiu-lhe ir recolhendo as mais variadas fontes de inspiração. Confessa-se fascinado por bandas hardcore como os Underoath, mas foram os colectivos britânicos de rock irresistivelmente dançável que acabaram por ter maior influência no seu trabalho. 
Este cruzamento de diferentes texturas sonoras é bem evidente nos vários projectos em que Alex se tem envolvido ocasionalmente, desde o Hip-Hop, com MC Ary, até aos sons mais alternativos, como os de Ghostlog. É também o baixista dos Cast a Fire, uma banda que já actuou um pouco por todo o sul da Europa e que tem merecido o aplauso da crítica, na imprensa mais vocacionada para o metal. Tem também participado, igualmente como baixista, nos últimos concertos de Tiago Guillul. Além daquilo que o público consegue comprovar em palco, Alex tem trabalhado afincadamente nos bastidores. De modo particular, com o produtor e músico Ben Monteiro, conhecido pela sua presença em bandas como os Triplet, os Gratos Leprosos ou Os Lacraus. A colaboração tem dado frutos, na atenção ao detalhe, no aperfeiçoamento da própria escrita das canções e na evidente vontade em sair da sua zona de conforto e correr riscos. Mais recentemente, teve ainda o prazer de contribuir com um tema para a mixtape "20 Anos de Ruptura Explosiva", co-editada pela Flor Caveira e pela Amor Fúria. 
O que esperar, então, de Alex D'Alva Teixeira? A sua música costuma ser catalogada junto das fileiras cada vez mais abrangentes do indie rock, mas cada tema revela uma construção directa e desassombradamente pop com ocasionais pulsações electrónicas. Ao vivo, transmite de modo ainda mais evidente a atitude punk que atravessa todo o seu trabalho. Das gravações que tem feito, saíram já algumas demos disponíveis na Internet, e as reacções dos ouvintes são muito positivas. Parafraseando uma dessas canções, é mesmo caso para se convidar a que se faça muito barulho e se mantenha as expectativas elevadas em relação ao que ainda está para vir do talento e da alma de Alex, o inventor. 
-Fábio Barbosa

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